Exercícios
– Texto Argumentativo e Estratégias Argumentativas (02)
01. (UFG-GO) Leia o texto de Paul Horowitz, físico da
Universidade de Harvard.
Existe
vida inteligente fora da terra? “No Universo? Garantido. Na nossa galáxia?
Extremamente provável. Por que não encontramos aliens ainda? Talvez nossos
equipamentos não tenham sensibilidade suficiente. Ou não sintonizamos o sinal
de rádio correto”.
SUPERINTERESSANTE.
São Paulo:
Editora Abril, n. 224, mar. 2006, p. 42.
Tendo em vista os argumentos
utilizados por Paul Horowitz, pode-se inferir que ele:
(A) garante a existência de aliens
apoiando-se em comprovações científicas.
(B) prova que nosso encontro com
extraterrestre é apenas uma questão de tempo.
(C) revela suas idéias em uma escala
que varia em diferentes graus de certeza.
(D) sustenta seu ponto de vista com
base em resultados verificados por equipamentos adequados.
E) reconhece a existência de vida
alienígena em nossa galáxia.
02. (UFMG-MG)
O mercado é como Deus: invisível, onipotente,
onisciente e, agora, como fim do bloco soviético, onipresente. Dele depende
nossa salvação. Damos mais ouvidos aos profetas do mercado – os indicadores
financeiros – que à palavra das Escrituras.
Idolatrias à parte, o mercado é seletivo. Não é
uma feira livre, cujos produtos carecem de controle de qualidade e garantia. É
como shopping center, onde só entra quem tem (ou aparenta ter) poder
aquisitivo.
BETTO,
Frei. Estado de Minas, Belo Horizonte,
8 jun. 2006. Caderno Cultura, p. 10.
(Trecho
- Texto adaptado)
Idolatrias à parte, o
mercado é seletivo.” (linha 25)
É CORRETO
afirmar que a expressão destacada, nessa frase, é usada para:
A) anunciar que a idolatria será
abordada depois.
B) criticar a postura dos profetas do
mercado.
C) desvincular o mercado da idéia de
crença religiosa.
D) mudar o foco argumentativo do
texto.
(FGV-SP) Texto para questão 03
Os tiranos e
os autocratas sempre compreenderam que a capacidade de ler, o conhecimento, os
livros e os jornais são potencialmente perigosos. Podem insuflar idéias
independentes e até rebeldes nas cabeças de seus súditos. O governador real
britânico da colônia de Virgínia escreveu em 1671:
Graças a Deus
não há escolas, nem imprensa livre; e espero que não [as] tenhamos nestes
[próximos] cem anos; pois o conhecimento introduziu no mundo a desobediência, a
heresia e as seitas, e a imprensa divulgou-as e publicou os libelos contra os
melhores governos. Que Deus nos guarde de ambos!
Mas os
colonizadores norte-americanos, compreendendo em que consiste a liberdade, não
pensavam assim.
Em seus
primeiros anos, os Estados Unidos se vangloriavam de ter um dos índices mais
elevados - talvez o mais elevado - de cidadãos alfabetizados no mundo.
Atualmente, os Estados Unidos não são
o líder mundial em alfabetização. Muitos dos que são alfabetizados não
conseguem ler, nem compreender material muito simples - muito menos um livro da
sexta série, um manual de instruções, um horário de ônibus, o documento de uma
hipoteca ou um programa eleitoral.
As rodas
dentadas da pobreza, ignorância, falta de esperança e baixa auto-estima se
engrenam para criar um tipo de máquina do fracasso perpétuo que esmigalha os
sonhos de geração a geração. Nós todos pagamos o preço de mantê-la funcionando.
O analfabetismo é a sua cavilha.
Ainda que
endureçamos os nossos corações diante da vergonha e da desgraça experimentadas
pelas vítimas, o ônus do analfabetismo é muito alto para todos os demais - o
custo de despesas médicas e hospitalização, o custo de crimes e prisões, o
custo de programas de educação especial, o custo da produtividade perdida e de
inteligências potencialmente brilhantes que poderiam ajudar a solucionar os
dilemas que nos perseguem.
Frederick
Douglass ensinou que a alfabetização é o caminho da escravidão para a
liberdade. Há muitos tipos de escravidão e muitos tipos de liberdade. Mas saber
ler ainda é o caminho.
(Carl Sagan, O caminho para a
liberdade.
Em "O mundo assombrado pelos
demônios:
a ciência vista como uma vela no
escuro". Adaptado)
03. É correto afirmar que Carl Sagan
faz citação das idéias de um governador real britânico para:
a) corroborar as idéias que defende no desenvolvimento do texto.
b) ilustrar a tese com a qual inicia o
texto e à qual se contrapõe na seqüência.
c) comprovar a importância da
colonização inglesa para o desenvolvimento americano.
d) desmistificar a idéia de que
liberdade de imprensa pode trazer liberdade de idéias, como defende na
conclusão.
e) ironizar idéias ultrapassadas,
mostrando, no desenvolvimento do texto, o descrédito de que gozaram em todos os
tempos.
(UFV-MG)
O fragmento abaixo foi selecionado do texto “Mulheres no cárcere e a terapia do
aplauso”, de Bárbara Santos. Leia-o para responder às questões 04, 05 e 06.
Mulheres
no cárcere e a terapia do aplauso
(por
Bárbara Santos)
Elas estão no cárcere. O cárcere não está preparado para elas.
Idealizado para o macho, o cárcere não leva em consideração as especificidades
da fêmea. Faltam absorventes. Não existem creches. Excluem-se afetividades.
Celas apertadas para mulheres que convivem com a superposição de TPMs,
ansiedades, alegrias e depressões.
A distância da família e a falta de recursos fazem com que mulheres
fiquem sem ver suas crianças. Crianças privadas do direito fundamental de estar
com suas mães. Crianças que perdem o contato com as mães para não crescerem no
cárcere.
Uma presa, em Garanhuns, Pernambuco, luta para recuperar a guarda de sua
criança, que foi encaminhada para adoção por ela não ter familiares próximos.
Uma criança com cerca de 2 anos de idade, em Teresina, Piauí, nasceu e vive no
cárcere, não fala e pouco sorri, a mãe tem pavor de perdê-la para a adoção, sua
família é de Minas Gerais.
Essas mulheres são vítimas do machismo, da necessidade econômica e do
desejo de consumir. São flagradas nas portas dos presídios com drogas para os
companheiros; são seduzidas por traficantes que se especializaram em abordar
mulheres chefes de família com dificuldades econômicas; também são vaidosas e,
apesar de pobres, querem consumir o que a televisão ordena que é bom.
Um tratamento ofensivo as afeta emocionalmente. A tristeza facilmente se
transforma em fúria. Muitas escondem de suas crianças que estão presas. Sentem
vergonha da condição de presas. Na maioria dos casos, estão convencidas de que
são culpadas e que merecem o castigo recebido. Choram, gritam e se comovem. O
cárcere é despreparado e pequeno demais para comportar a complexidade das
mulheres.
Apesar do aumento do número de mulheres presas no Brasil, especialmente
nas rotas do tráfico, o sistema penitenciário não se prepara nem para as
receber, nem para as ressocializar. Faltam presídios Femininos, assim como
capacitação específica para servidores penitenciários que trabalham com
mulheres no cárcere.
Falta estrutura que considere a maternidade e que garanta os direitos
fundamentais das crianças.
Assim como na sociedade, no cárcere o espaço da mulher ainda é precário.
O sistema é masculino na sua concepção e essência. Em cidades como Caicó, Rio
Grande do Norte, não existe penitenciária feminina. As mulheres presas são
alojadas numa área improvisada dentro da unidade masculina. Em Mossoró, no
mesmo Estado, mulheres presas, ainda sem sentença, aguardam julgamento numa
área minúscula dentro da cadeia pública masculina. A presença improvisada das
mulheres cria problemas legais e acarreta insegurança para servidores
penitenciários quanto à garantia da segurança geral e da integridade física das
mulheres.
(Bárbara
Santos é coordenadora nacional do projeto Teatro do Oprimido nas Prisões,
desenvolvido pelo Centro de Teatro do Oprimido, em parceria com o
Departamento Penitenciário Nacional, do
Ministério da Justiça. www.ctorio.org.br)
(Disponível
em: http:// www.carosamigos.terra.com.br. Acesso em: 07 ago. 2006.)
04.
Tendo em vista o sentido global do texto, o seu PRINCIPAL objetivo comunicativo é:
a)
discutir a precariedade do sistema penitenciário para receber mulheres presas.
b)
apontar as especificidades e complexidades da mulher no cárcere.
c)
defender o direito das mães presas viverem com suas crianças.
d)
apresentar exemplos positivos de presídios para mulheres.
e)
identificar os problemas das mulheres no cárcere.
05.
Dentre os fatores abaixo, assinale o que NÃO
foi mencionado por Bárbara Santos como problema que afeta a mulher no cárcere:
a)
A falta de absorventes.
b)
A inexistência de creches.
c)
A estrutura precária.
d)
O excesso de proteção.
e)
A convivência com os filhos
06.
“[...] querem consumir o que a televisão
ordena que é bom.” (§ 4)
Das
alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO comprova a assertiva feita pelo
autor do texto:
a)
A mídia televisiva é considerada hoje uma espécie de quarto poder.
b)
A pressão do índice de audiência leva a televisão a impor certos comportamentos
à população.
c)
O peso da economia exerce influência sobre padrões específicos de conduta
social.
d)
As publicidades televisivas, por exemplo, instigam as pessoas a consumirem
produtos e sonhos.
e)
A função da mídia televisiva é apenas informar a sociedade dos acontecimentos
em geral.
07.
(UERJ)
Crise
e Ciência
Crise é fundamental em ciência; sem crise não há
progresso, apenas estagnação. Quando investigamos como a ciência progride na
prática, vemos que é aos trancos e barrancos: os cientistas não têm sempre
todas as respostas na ponta da língua. O processo criativo de um cientista pode
ser bem dramático, muitas vezes envolvendo a agonia da dúvida e, em alguns
casos, o êxtase da descoberta. Vista sob esse prisma, a ciência não está assim
tão distante da arte.
Na maioria das vezes, as crises nas ciências
naturais são criadas por experiências realizadas em laboratórios ou por
observações astronômicas que simplesmente não se encaixam nas descrições e teorias
da época: novas idéias são necessárias, idéias essas que, às vezes, podem ser
revolucionárias. Em geral, revolução em ciência implica novas e inesperadas
concepções da realidade, chocantes a ponto de intimidar os próprios cientistas.
(GLEISER,
Marcelo. Folha de São Paulo, 26/05/2002.)
Crise é
fundamental em ciência; (linha 1)
A tese do físico Marcelo Gleiser é
enunciada logo no início do primeiro parágrafo. Ele sustenta essa tese, com
fatos, no segundo parágrafo.
Demonstre, elaborando uma frase
completa, como esses fatos sustentam a tese defendida pelo autor.
08. Leia o
texto abaixo para responder à questão.
ENTREVISTA
COM MICHAEL SERMER
Diretor da ONG contra superstições) – Veja, n. 1733
Repórter: Como o senhor justifica a vantagem do pensamento científico
sobre o obscurantismo?
MS: A ciência é o único campo do
conhecimento humano com característica progressista. Não digo isso tomando o
termo progresso como uma coisa boa, mas sim como um fato. O mesmo não ocorre na
arte, por exemplo. Os artistas não melhoram o estilo de seus antecessores, eles
simplesmente o mudam. Na religião, padres, rabinos e pastores não pretendem
melhorar as pregações de seus mestres. Eles as imitam, interpretam e repetem
aos discípulos. Astrólogos, médiuns e místicos não corrigem os erros de seus
predecessores, eles os perpetuam. A ciência, não. Tem características de
autocorreção que operam como a seleção natural. Para avançar, a ciência se
livra dos erros e teorias obsoletas com enorme facilidade. Como a natureza, é
capaz de preservar os ganhos e erradicar os erros para continuar a existir.
Em termos argumentativos, pode-se dizer que:
(A) a argumentação apresentada por MS se apóia em testemunhos de autoridade;
(B) a tese apresentada está explícita em "a ciência se livra dos erros e
teorias obsoletas com enorme facilidade";
(C) o público-alvo a ser convencido é o conjunto de pessoas ligadas, de uma
maneira ou outra, ao obscurantismo;
(D) os argumentos apresentados na defesa da tese se fundamentam ora na intimidação,
ora na persuasão;
(E) por ser de caráter científico, a subjetividade do argumentador é
completamente desprezada na argumentação.
GABARITO
01.
C
02. D
03. B
04. A
05. D
06. E
07 – As experiências realizadas em laboratório e as observações astronômicas,
ao exigirem novas descrições e novas teorias, conduzem a ciência a progredir.
08.
C
Beijos,
Rafael do Nascimento