quarta-feira, 6 de junho de 2012


(LÍNGUA PORTUGUESA)

EXERCÍCIOS (VERBOS)

1-      Na cerimônia religiosa de casamento na Igreja Católica, o padre, logo após declarar casados os noivos, costuma dizer:

“O que Deus uniu o homem não separe”.

Agora considere a seguinte frase:

“O que Deus uniu o homem não separa”.

Qual dessas duas formas de expressão deixa claro que o casamento é um ato indissolúvel? Justifique.

2-      A leitura atenta do poema de Mário Quintana transcrito a seguir permite que se identifiquem, de maneira clara, referências a momentos diferentes: o presente do eu-lírico, o passado do eu-lírico e um passado remoto (“ferocíssimas batalhas políticas do ano de 1910”).

Pesquisa 

Na gostosa penumbra da Biblioteca Municipal
leio velhos jornais
e
dos anúncios prescritos
das novidades caducas
dos poetas mortos há tanto tempo que parecem de novo estreantes
das ferocíssimas batalhas políticas do ano de 1910
– brotam como balões meus sábados azuis
as horas bebidas aos goles
(num copo azul)
e as ruas de poeira e sol onde bailam sozinhos
os meus sapatos de colegial.
 (Mário Quintana. Porta Giratória. São Paulo: Globo, 1997)

De acordo com o texto, as formas verbais “leio” e “bailam” apresentam o mesmo valor semântico? Justifique.


3-      O anúncio a seguir, publicado há muitos anos, fazia parte da campanha publicitária do tecido Tergal.





(Anúncio do Tergal. 1969. Cem anos de propaganda. São Paulo, Abril Cultural, 1980)

Esse texto publicitário combina palavras e imagens, buscando induzir o leitor a comprar o produto: o tecido tergal.
Com base nesse comentário, comente a relação que se estabelece entre o modo verbal adotado em “tergalize-se” e os aspectos visuais do texto.

4-      (UNICAMP-1992) As gramáticas costumam definir os tempos verbais de forma simplificada. C. Cunha e L. Cintra, por exemplo, em sua Nova gramática do português contemporâneo, dizem que o futuro designa um fato ocorrido após o momento em que se fala. Observe como Bastos Tigre joga com essa noção de futuro para dar uma interpretação engraçada do sétimo mandamento bíblico:
“Não furtarás - prega o Decálogo - e cada homem deixa para amanhã a observância do sétimo mandamento”.
(Citado por Mendes Fradique em sua Gramática portugueza pelo methodo confuso, 1928)

a)      Qual a interpretação usual (feita, por exemplo, por um rabino, um pastor ou um padre) desse mandamento?

b)      Qual a interpretação feita por Bastos Tigre?






GABARITO

1)      A frase 2. Em 1, a forma “separe” está no subjuntivo e exprime um desejo ou expectativa. Em 2, a forma “separa” (indicativo) exprime convicção, enuncia um fato cuja ocorrência é dada como certa.

2)      Não. A forma “leio” exprime um fato que ocorre no presente. “Bailam”, por sua vez, exprime um fato passado (é o chamado presente histórico).

3)      A forma verbal “tergalize-se”, que constitui caso de neologismo (processo de criação de novas palavras na língua), está no imperativo. Expressa uma sugestão ao leitor, procurando exercer influência no comportamento dele e convencê-lo a comprar o tecido. Levar o leitor a consumir o produto é, obviamente, o objetivo de uma mensagem publicitária. No corpo da mulher, a palavra “tergal” sugere que o tecido é leve, agradável para a pele e que a pessoa, ao usá-lo, sente-se livre, como se estivesse sem roupa. A imagem também insinua um vínculo entre o tecido e a ideia de sedução/sensualidade, sugerida pela nudez e pela pose da mulher.

4)      a) Na linguagem religiosa, os mandamentos são interpretados como ordens atemporais; as formas de futuro (“não furtarás”, “amarás” etc) apresentam valor de imperativo.

b) Ele retoma o sentido literal de futuro da forma “furtarás” e assim afirma que os homens “deixam para amanhã” a obediência ao mandamento. Como o futuro é, a cada dia, reinterpretado como futuro, os homens continuarão furtando indefinidamente.



Abraços,
Rafael do Nascimento

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